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Entrevista: Marco Piquini – Fundador da Piquini Comunicação Estratégica

31/08/20

“A comunicação existe para promover a estratégia da empresa”

Neto de italianos, o jornalista Marco Piquini é de São Bernardo do Campo (SP) e fez carreira em jornais de São Paulo. Trabalhou, também, na Inglaterra, junto ao The Economist Intelligence Unit. Entre 1995 e 1997, integrou o Projeto Palio, da Fiat, e, em 1998, mudou-se, em definitivo, para Belo Horizonte para ser gerente de Comunicação da Fiat do Brasil. Entre 2007 e 2012, foi diretor de comunicação da Iveco Latin America, período em que a montadora de caminhões aumentou a produção sete vezes e multiplicou por três seu market share. Depois de quase 20 anos no grupo italiano, fundou sua própria empresa, a Piquini Comunicação Estratégica, e atende hoje clientes de diversos setores econômicos. “Oferecemos estratégias de comunicão que impulsionam as estratégias das empresas”, explica ele. “A Comunicação é parte de uma estratégia de sucesso, ainda mais em um mundo de mudanças constantes como o que vivemos hoje”, indica Piquini, nesta entrevista exclusiva para o Italia Affari.

A Piquini é especializada em comunicação estratégica. É possível explicar o que é isso?

No universo corporativo, a comunicação existe para ajudar a empresa a crescer, a prosperar e a ser sustentável no tempo. O ponto de partida, sempre, é a estratégia da empresa. Na Iveco, por exemplo, o objetivo era ampliar rapidamente a participação no mercado brasileiro. A estratégia para isso era lançar duas linhas de caminhões por ano, criar um centro de desenvolvimento de produtos em Sete Lagoas (MG), dobrar a rede de concessionários, entre outras medidas. Elaboramos uma estratégia de comunicação para promover a estratégia da empresa, que envolvia promover o engajamento dos empregados, vender a imagem de uma empresa jovem e dinâmica e executar ações de divulgação amplas e ousadas. Implementamos essas decisões por meio de planos operacionais de comunicação. Deu certo. Ganhamos, por três vezes, o título de Caminhão do Ano, por exemplo.

 

Quando se fala em estratégias de comunicação, as pessoas pensam em empresas grandes, com verba para investir. A visão estratégica funciona para pequenas empresas?

É um equívoco gigantesco imaginar que pequenas empresas não podem ter estratégias de comunicação. Evidentemente, empresas pequenas terão projetos menores que os de empresas grandes. Mas estratégia não é, necessariamente, dinheiro. É saber para onde a empresa quer ir e entender, do ponto de vista da comunicação, o que precisamos falar, com quem falar, quando falar e como falar. Isso é o básico. É óbvio que realizar esse trabalho com profissionais ajuda muito. Aliás, pessoas experientes ajudam a não gastar dinheiro à toa.

 

O senhor lançou no mercado um manual de comunicação estratégica, batizado de “Método Piquini”, que a Câmara Italiana vai disponibilizar para download por suas redes sociais. Pode nos contar como é o seu método?

Parto do conhecimento da estratégia da empresa: para onde quer ir, quais os recursos disponíveis, o contexto do mercado, os riscos e oportunidades. Discutimos essas questões com canvas de Design Thinking em workshops com diretores e gerentes. Definida essa parte, debatemos os diferenciais da empresa e seus produtos, seus públicos-alvo, o calendário de eventos e ações dos meses à frente. Isso nos dá a estratégia de comunicação. Então, aproveitamos as ideias surgidas nessas reuniões e as transformamos em projetos de comunicação, que podem ser avaliados por custo ou impacto na estratégia da empresa. Fecha-se o plano e a empresa, então, pode comunicar-se com seus stakeholders de forma coerente com sua estratégia. Um detalhe: aprendi, dentro do Grupo Fiat, que o que faz uma empresa são as pessoas que sabem o que têm que fazer. Os workshops promovem grande consenso entre os participantes, isso torna as decisões naturais e aumenta suas chances de sucesso.

 

Depois de mais de 20 anos em Minas Gerais, o senhor já se considera mineiro?

Quando saí do grupo Fiat, optamos, em familia, por permanecer em Minas porque nos sentíamos muito confortáveis aqui. Mas me considero um cidadão do mundo. Vivi sete anos na Europa, morando na França e na Inglaterra, experiência que abriu meus olhos para as características específicas e comuns entre os diversos povos. Aprendi que, independentemente do país onde nascemos ou da língua que falamos, somos todos, no fundo, seres humanos iguais em nossas virtudes e defeitos.

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