Gestora assumiu o cargo no início de junho
01/07/2021
No início de junho, Ana Corrêa assumiu a gestão da Câmara de Comércio Italiana de Minas Gerais, como a nova secretária-geral da instituição. Graduada em Administração de Empresas e Gastronomia, Corrêa atuou, por mais de uma década, como empresária franqueada em uma rede de restaurantes, onde foi responsável pela área administrativo-financeira e ocupou a presidência do comitê regional de marketing. Em entrevista, Ana contou sobre sua vivência de trabalho na Itália, expectativas e desafios à frente do novo cargo.
1) Sua história está diretamente ligada e imersa na cultura italiana. De que maneira, morar e trabalhar na Itália contribuiu para o desenvolvimento da sua carreira?
Minha história está ligada com a Itália desde muito antes da minha ida para lá, pois minha família é italiana e chegou a Minas Gerais, no final do século XIX. A história da vinda da minha família é admirável, por ser de muita coragem. Foram enormes desafios, desde a dura vida da família, em uma localidade rural, ao Sul da Itália, até chegarem a uma fazenda no interior de Minas para trabalhar. Eu sou grata a eles pelas marcas de luta que deixaram em minha história e, por isso, procuro honrá-los.
Aos 19 anos, ao me diplomar em uma escola ítalo-brasileira, me mudei para a Itália com o objetivo de estudar e trabalhar. Durante sete anos, na Itália, sem dúvida, aprendi muito. Descobri sobre meus interesses, os meus valores e como melhor lidar com as pessoas. O meu interesse pela cultura italiana foi crescendo, ainda mais, quando eu percebi o quanto eles valorizam suas microrregiões e suas culturas locais. Isso pode ser bastante visto na cultura gastronômica italiana, pela qual sou apaixonada, e é muito inspiradora.
Esse período na Itália marcou a minha iniciação profissional, meu desenvolvimento e meu amadurecimento no mundo do trabalho. Descobri que eu gosto de lidar com pessoas e que sou extremamente metódica e organizada. Isso me ajuda a compreender, de maneira mais clara, sobre processos e estruturas organizacionais.
2) Você está migrando do setor gastronômico para uma câmara de comércio. Quais são os principais desafios dessa transição?
Dizem que a vida começa aos 40 e, efetivamente, é assim que tenho me sentido. Estou migrando minha vida profissional, saindo do mundo empresarial para me dedicar a uma associação. É interessante, bastante diferente de tudo que eu havia experimentado, e extremamente desafiador. Sou muito grata ao Dr. Rizzioli, ao Dr. Peano e a toda diretoria pela confiança depositada em mim para ocupar o cargo.
É um imenso desafio lidar com realidades bem diferentes daquelas que eu estava acostumada. Nos últimos 14 anos, estive mergulhada no setor da Gastronomia, e, agora, tenho um leque que se abriu infinitamente. Estou conhecendo e aprendendo a trabalhar com diversos setores, realidades e culturas organizacionais, o que é bastante estimulador.
Além de toda a parte administrativa da Câmara, que precisa funcionar bem, é um grande desafio promover e fomentar encontros entre empresas, com interesses em comum, entender as oportunidades e necessidades de cada uma e favorecer a criação de um ambiente para que a sinergia entre elas aconteça.
3) À frente da Câmara, quais são suas expectativas como secretária-geral?
Espero aprender e conhecer sobre todos os setores dos nossos associados atuais e dos futuros, bem como o mercado que os envolve. É preciso estar atenta às oportunidades e como fazê-las chegar aos nossos associados. Trabalharei para abranger, cada vez mais, empresas e setores, para que os negócios entre Minas e Itália sejam enriquecedores e consolidados, e com um leque maior de oportunidades.
4) Por conta da pandemia, estamos vivendo um momento muito delicado e de grandes transformações. Como você enxerga essas mudanças e quais lições acredita que ficarão para o futuro?
Ninguém imaginava passar por um momento de tamanha adversidade. Especialmente, ver o que acontecia na Itália, em fevereiro de 2020, e estava ainda ameaçando chegar ao Brasil, foi alarmante. No princípio, acho que o impacto foi tão grande, que muita gente se sentiu paralisada e até em pânico, mas, com o tempo, acredito que foi possível parar e pensar no que realmente importa, no que é, efetivamente, necessário para a nossa vida. Para mim, este momento está sendo de grande aprendizado e espero que seja, também, para todos. Acredito ser uma oportunidade única para as pessoas se reconectarem com elas mesmas, com sua verdadeira essência. Espero que as pessoas, daqui para a frente, vivam de maneira mais leve e conectada com o mundo e com o outro. Meu desejo é que todos saiam deste momento com uma transformação positiva, com muitos aprendizados e conexões com a humanidade.
5) Quando não está dedicando-se ao trabalho, o que gosta de fazer em seus momentos de lazer?
Tenho duas filhas pequenas, então, tempo livre é algo bem difícil em minha vida. Gosto muito de ler sobre história, gastronomia e cultura, em geral, apesar de estar fazendo pouco nos últimos anos. Tenho procurado passar mais tempo de qualidade com minha família, me dedicando, exclusivamente, a ela. Aos finais de semana, normalmente, vou ao sítio do meu pai, fico mais em contato com a natureza e aproveito para fazer o que mais gosto, que é cozinhar, tomar um bom vinho e curtir uma boa comida, junto do meu marido, minhas filhas e minha família.