Os costumes e os sabores de uma data especial
18/12/2018
O mês de dezembro é especial em grande parte dos países, pois é a época do Natal. Apesar de alguns festejarem em datas diferentes, a energia que envolve muitas pessoas é a mesma. Na Itália, existe um provérbio que diz: “Natale con i tuoi e Pasqua con chi vuoi” (Natal com os seus e Páscoa com quem quiser), isso exemplifica a ideia de união familiar que os italianos tanto prezam. Em cada região italiana o natal é comemorado com uma especificidade única, e isso acontece porque a Itália é um país que preserva as suas riquezas culturais e históricas, tornando viável a diversidade local.
Cidade das luzes: Torino, capital do Piemonte, celebra o Natal com um verdadeiro “tapete” de luzes para receber moradores e turistas. A atração começa em novembro e vai até dezembro. No total, são 20 km de ruas e praças iluminadas com as cores que simbolizam o Natal.
Os Zampognari: No dia 8 de dezembro, quando a Itália recebe oficialmente o Natal, os tocadores de gaita, ou, os Zampognari, aparecem para dar as boas-vindas ao período natalino e alegrar as famílias presentes. A tradição conta com personagens, cujo instrumento musical é a gaita de foles. Já a vestimenta é marcada por um tradicional vestido masculino, coletes de pele de carneiro, longas meias brancas e sapatos escuros.
Maior árvore de Natal do mundo: Na região da Umbria, uma incrível árvore de Natal que, em 1991, entrou no Guinness Book como a árvore de Natal mais alta do mundo, brilha e impressiona moradores e turistas no Monte Ingino. Ela tem 640 metros de altura e 700 luzes de diferentes cores. Erguida todos os anos, a atração faz homenagem à festa da Imaculada Conceição.
Presépio do rio Tibre: Também na Umbria, o rio Tibre é palco de umas das celebrações mais emocionantes da Itália. Na véspera de Natal, à noite, um grupo de canoístas, cada um vestido de Papai Noel, faz um longo caminho até a ponte de Porta San Florido, e, ao chegar, é possível encontrar um presépio suspenso sobre as águas do rio. Neste momento, crianças aguardam ansiosamente os Papais Noéis entregarem presentes.
Calábria: O cheiro forte do óleo da fritura, misturado com canela, que é derramado nas ruas e becos dos centros históricos da Calábria, avisa que o Natal está chegando. Fazer um “cullurielli”, uma espécie de rosquinha envolta em açúcar, é uma das muitas maneiras tradicionais para comemorar a data festiva, nesta localidade. Este ritual é normalmente realizado no dia de Santa Lúcia, importante data de celebração na tradição calabresa, precedida por uma vigília de jejum, muito semelhante à de Natal. Em Corigliano, o menu da ceia deve ter 13 variedades de frutas e, para a ocasião, se serve, rigorosamente, o vinho novo.
GASTRONOMIA NATALINA
O Natal italiano leva às mesas doces deliciosos que mudam de região para região baseados nas tradições e sabores locais. As matérias-primas tendem à produção territorial e as receitas recordam antigas histórias populares.
Em Trentino-Alto Ádige, a cozinha é da Europa Central, mas sofre grandes influências de Vêneto, e, o doce típico italiano da região é o “Weihnachtsstollen” – feito com frutas cristalizadas e rum.
Já nos vales de Friuli se saboreia a “gubana”, doce com massa fermentada e recheada de nozes, amêndoas, pinhões e uva-passa, aromatizada com grappa e marsala.
No Vêneto o doce de natal mais famoso é o “pandoro”, de Verona, onde também se produz o “nadalin” – pão adocicado macio em formato de estrela.
Na região da Lombardia reina o panetone, já que ele foi criado em Milão. Enquanto em Cremona, além da “sbrisolona”- uma torta que parece um gigante biscoito de amêndoas – os doces a base de torrone são muito consumidos, isso acontece pela valorização desse produto na região que recebe anualmente um grande festival dedicado a ele.
No Piemonte, não pode faltar o “tronchetto di Natale”, doce nascido de uma antiga lenda, na qual a lenha de madeira deveria queimar lentamente na chaminé para trazer sorte. Os ingredientes são creme de castanhas e chocolate, unidos por ovo, manteiga, queijo mascarpone e chantilly.
Já no Vale d’AOsta, o pão doce típico das festividades é a “missoula”, preparada com trigo e centeio, além de castanhas, figos secos e uva-passa.
Na Ligúria, o pão doce genovês atravessou continentes, conquistando os Estados Unidos com o nome de “genoa cake”, um doce com forma de cúpula em uma deliciosa massa de uva-passa, pinhão e cheio de laranjas cristalizadas.
Na Emília-Romanha, o destaque é dado à “spongata” – torta natalina assada na manteiga com mel, temperos, frutas secas, cristalizadas, ou cozidas na geleia.
Na Toscana, a antiga receita do “panforte” é feita com frutas cristalizadas, além das “pagnocelli”, que contam com figo seco, uva-passa, pinhão, nozes e amêndoas
Na Úmbria, o “torciglione” – doce redondo com base de amêndoas- é muito famoso. Enquanto no Lazio, se degusta o “pangiallo romano”- doce muito antigo consumido durante o solstício de inverno.
Nas mesas de Molise aparecem os “calciuni”, raviole doce recheado de castanha e chocolate meio-amargo, enquanto na Puglia têm destaque as “cartellate”, pasta doce frita e crocante, enrolada como se fosse um cesto, finalizada com mel e canela.
Na Campânia, os “struffoli”, deliciosas bolinhas de pasta doce frita, envolvidas em mel quente faz sucesso. Já na Calábria, não podem faltar os “mostaccioli”, doce à base de uva-passa, citrino, figo, fruta seca, vinho e mel. A Sicília prepara o “buccellato”, um antigo doce em forma de rosca, recheado de frutas cristalizadas.
Na Sardenha, triunfa o pão em infinitas versões, mas, sobretudo, aquele de sapa, a base de mosto de uva cozido lentamente e enfeitado com nozes, amêndoas, uva passa e raspas de limão.
Muitos desses doces entraram para a história da cozinha italiana e internacional, sendo que alguns ainda receberam um espaço importante nas feiras e nos museus, que recontam as histórias, enriquecidas de lendas, mas dignas de serem conhecidas. Dessas delícias, o panetone, o mais famoso em todo o mundo, que nasceu em Milão, como pão enriquecido de fermento, mel e uva seca é o grande sucesso italiano.