Indústria brasileira possui as taxações mais altas, entre os países analisados
27/09/2022
No início do segundo semestre de 2022, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), divulgou um documento com dados sobre os custos de produção no Brasil (custo Brasil) comparados aos principais parceiros comerciais. O objetivo do estudo foi quantificar o preço operacional no País em relação aos demais países.
Para a análise foram comparados os preços de custos de 15 países (Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Japão, México, Reino Unido e Suíça), que juntos representam 75% das importações brasileiras e respondem por 72% do produto interno bruto (PIB) mundial.
Os dados compilados mostram que a produção brasileira é impactada diretamente por seis fatores que somados influenciam negativamente na competitividade do produto nacional. As métricas analisadas foram: tributação; juros sobre o capital de giro; energia e matérias-primas; infraestrutura logística; carga extra com benefícios e serviços não comercializáveis. Dessas, somente no quesito preço de produção de energia o País possui destaque positivo, com um valor médio menor que os demais países analisados
Segundo o relatório, o custo do Brasil encarece em 20,1% o preço do bem industrial nacional, em relação ao importado, antes dos tributos sobre vendas e custos de internalização. Segundo dados do Ministério da Economia, as empresas brasileiras possuem R$ 1,5 trilhões de custos adicionais no ambiente de negócios, em comparação com a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso determina um aumento de 17% nos preços, em todas as atividades, devido ao custo Brasil.
As indústrias que mais sofrem são a de transformação, que possui um aumento do preço final de 31%, e a de máquinas e equipamentos com um acréscimo de 23,3%. O relatório analisou, também, os impactos da variação do câmbio, da inclusão dos tributos indiretos e dos custos de importação. No somatório, a diferença média de preços, entre o produto industrializado nacional e o importado, resultante do custo Brasil e do desalinhamento cambial, chegam a 25,8%.
Em linhas gerais os impactos econômicos, fruto das políticas econômicas das últimas décadas, vem promovendo um processo de desindustrialização, principalmente, da indústria de transformação e um acúmulo de déficits no comércio de industrializados. Entre 2008 a 2021, o déficit acumulado foi de aproximadamente US$ 472 bilhões. Além disso, a indústria brasileira perdeu participação no mercado externo, com redução de suas exportações, de 82% da pauta para 53%, entre 2001 e 2021.