28/06/2018
Diretor-geral da Alitalia no Brasil, Carlos Antunes construiu sólida carreira internacional em Marketing e Vendas, desempenhando, ao longo de mais de 15 anos, posições de destaque e alta gestão em várias companhias aéreas, como a Etihad Airways, Air Seychelles e TAP Air Portugal, tendo trabalhado nos Estados Unidos, África, Oriente Médio e Europa. Fluente em italiano e inglês, Antunes possui MBA em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e graduação em Gestão de Marketing e Vendas, e foi responsável pela abertura de várias rotas aéreas e mercados internacionais nos últimos anos. Em entrevista ao Italia Affari deste mês, Carlos Antunes falou sobre a relação da Alitalia com os brasileiros e da excelência do “Made in Italy”, que consolidou a marca mundialmente.
1 – No início de 2018, o Brasil se tornou o segundo maior mercado da Alitalia no exterior. A que se deve essa significativa evolução dos negócios no país?
Na verdade, o Brasil voltou a crescer e a Alitalia acompanhou esse crescimento. No ano passado, passamos a ser o segundo mercado internacional, e isso se deve, principalmente, à rapidez com que enxergamos a recuperação econômica do país e à flexibilidade com que conseguimos reforçar e colocar mais voos saindo das cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, o nosso voo de três vezes por semana passou a ser diário em outubro de 2017, uma aposta incrível em um estado que, apesar de sabermos que ainda passa por dificuldades, vem se mostrando ter sido acertada. Em novembro de 2017, adicionamos mais três frequências por semana ao voo diário de São Paulo, no momento em que verificamos que a ocupação estava acima das expectativas. Passamos de dez voos semanais para 18 em todo o país, um crescimento de mais de 80% no momento em que também colocamos aeronaves maiores, trocando, por exemplo, o Airbus A330 no Rio, pelo Boing B777 com maior capacidade. E agora, ao final de outubro de 2018, em São Paulo, passaremos a oferecer dois voos diários, um noturno e um diurno – respondendo a necessidade de nossos clientes. E devo dizer que o Brasil tem correspondido às expectativas, o volume de passageiros está mais de 40% superior ao do ano passado, e a tendência é aumentar, ainda mais, no segundo semestre deste ano, quando o aumento de oferta de assentos se torna naturalmente maior.
2 – De que maneira a Alitalia enxerga o Brasil como uma oportunidade de negócio e quais são os aspectos que proporcionam isso?
A Alitalia é a companhia aérea italiana com maior expressão internacional, carregando a história e cultura italiana em suas asas e é o principal canal de comunicação e transporte de passageiros intercontinentais, de/para a Itália. Nesse sentido, o fortalecimento da economia brasileira só pode trazer benefícios para as trocas comerciais e o turismo entre os dois países, além de ter tido um reaquecimento do tráfego corporativo para toda a Itália. Com os italianos querendo investir mais no Brasil, os empresários brasileiros que estão visitando a Itália para concretizar negócios têm buscado inspiração em fornecedores e tecnologia de vanguarda “Made in Italy”, já que a Itália é, indiscutivelmente, o país líder no conceito “design”. O nosso programa de PME que oferece pontos às empresas em troca de sua fidelidade, chamado “Alitalia Business Connect (ABC)” tem um papel fundamental neste segmento, ao recompensar as empresas por fazerem negócios utilizando Alitalia como vetor aéreo. No aspecto do turismo, no ano passado, a Itália foi o segundo principal destino dos brasileiros em férias. Roma é a terceira cidade mais visitada pelos brasileiros na Europa. E isso se deve muito à Alitalia, pois temos trabalhado com afinco junto aos operadores de viagens para que Roma figure como destino final, ou até mesmo como destino intermediário em uma viagem para outras cidades na Itália ou outros destinos na Europa. Lançamos um programa chamado “Stop Over Roma”, que permite aos passageiros com destinos além Roma, pararem na cidade por alguns dias sem custos adicionais e obterem benefícios em hotéis e outros parceiros. Tudo isso tem feito crescer o tráfego entre os dois países, e estamos entusiasmados com a continuidade do crescimento que se apresenta.
3 – Quais são os projetos da organização para os próximos anos no Brasil?
O Brasil está inserido no contexto de crescimento global da Companhia. Queremos crescer o número e a densidade das rotas intercontinentais, aumentar a quantidade de países que operamos longa distância e adicionar mais frequências naqueles que já servimos e que apresentam potencial de crescimento. Trata-se de criar capilariedade, captação e conveniência, conectando os passageiros de lugares distantes por meio de Roma, que é nosso hub, a 26 destinos em toda Itália e mais de 68 destinos no mundo. Para isso, a empresa está buscando tornar-se mais eficiente ao mesmo tempo em que aprimora alguns conceitos-chaves de serviços, que nos distinguem dos concorrentes. Em janeiro deste ano, por exemplo, fomos a companhia aérea mais pontual do mundo e, desde então, figuramos sempre entre as mais pontuais e em primeiro lugar entre as companhias europeias. Pontualidade, para uma empresa aérea, ser referência em pontualidade é o início de uma série de outros atributos positivos, como o fato de sermos, pelo oitavo ano consecutivo, a companhia com a melhor gastronomia de bordo em classe executiva, termos poltronas em couro – a mesma empresa que produz para a Ferrari – que se transformam em camas horizontais. Todas as poltronas têm acesso ao corredor, serviço de refeições premiado “dine anytime” e o serviço de bordo verdadeiramente italiano, que só a Alitalia está qualificada a oferecer, além de um café expresso verdadeiro da nossa marca italiana Lavazza.
4 – Do ponto de vista econômico, para a Alitalia, qual fator está fazendo os brasileiros viajar mais para a Itália nos últimos anos?
Acho que mais do que o contexto econômico, se trata da ligação cultural e histórica do brasileiro com a Itália, a força motriz do aumento do número de passageiros para o “Bel Paese”. Como o próprio apelido diz, o país é lindo, possui 20 regiões completamente diferentes e com atributos distintos entre sí, como o eixo Roma-Florença-Veneza, um mundo de experiências, viagens e descobertas diversas que poucos países no mundo podem vangloriar-se de oferecer. O clima é excelente, a gastronomia é deliciosa, a língua remete às nossas tantas cidades no Brasil com palavras inseridas no vocabulário pelos italianos. É, de fato, a Itália e o “Made in Italy” que conquistam os brasileiros.
5 – Em relação ao prestígio do conceito Made in Italy, que agrega valor aos produtos e serviços, como ele influencia na experiência de voo dos passageiros?
Como afirmei, o prestígio das marcas e dos produtos italianos, pelas suas características de design premiado e qualidade indiscutível, é nosso grande aliado na venda do destino à Itália, seja para o turista ou para o viajante de negócios. Na Alitalia isso se tornou o fio condutor de todo o atendimento e serviço de bordo, sendo nosso DNA, nosso aspecto marcante e diferenciador, que permeia todos os aspectos da experiência que é viajar pela Alitalia. Nossa gastronomia é italiana, os vinhos são italianos, o prosecco é Villa Sandi, a tripulação é marcadamente italiana. Enfim, a Alitalia é parte do “Made in Italy” e conseguimos oferecer ao nosso passageiro algo que mais ninguém consegue: você está na Itália no momento em que entra em nossa aeronave. Costumo dizer: “Buon Viaggio!”.
6 – Partindo do princípio de rebrand, o que levou a empresa a adotar um novo posicionamento de marca? Qual resultado a Alitalia espera disso?
Mais do que um rebranding externo, a Alitalia, de fato, fez ajustes incisivos na proposta de valor dos serviços prestados aos seus clientes. Ou seja, além de alinhar sua identidade visual, com a modernização da logomarca, com a pintura estilizada das aeronaves – mantendo o “asset” que é a forte marca da Alitalia em todo mundo –, as grandes mudanças existiram em termos de design dos produtos e serviços oferecidos, introduzidos ao longo dos últimos dois anos. Isso inclui todo o redesenho das poltronas da Magnifica (classe executiva) e do seu serviço diferenciado e premiado; a criação da classe Econômica Premium, que é uma cabine separada entre a Magnifíca e a Econômica, que oferece poltronas com mais 40% de espaço para os passageiros e é ideal para um passageiro a negócios que não quer ou não pode, por questão de política de gestão de viagens, fazer upgrade para a Business.
A Econômica é, sem dúvidas, um produto adequado a viagens intercontinentais. É sempre uma econômica, mas oferece uma distância entre poltronas mais generosa, sendo essas revestidas de materiais de qualidade e com ergonomia estudada para viagens longas. Nossos lounges chamam-se “Casa Alitalia” e promovem um conceito de experiência e hospitalidade que vem de longe, enraizada nas tradições do bem acolher mediterrâneo. E o tema “Made in Italy” é que faz a ligação entre todos esses aspectos, oferecendo uma diferenciação positiva que acreditamos ser enxergada como valor e benefício pelos nossos clientes, passageiros e parceiros de negócios.