Ele é presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Como foi sua trajetória profissional até chegar a ser o presidente da CNI?
As atividades de representatividade empresarial sempre estiveram presentes no meu dia a dia. Sou engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e há 39 anos, presido a Orteng Equipamentos e Sistemas Ltda, uma empresa com sede em Contagem, Minas Gerais, que produz equipamentos para os segmentos de energia, petróleo, gás, mineração, siderurgia, saneamento, telecomunicações e transportes. Antes de ser eleito presidente da CNI, fui presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) por dois mandatos (2002 a 2010). Neste período, também exerci as funções de segundo vice-presidente da CNI e presidi os conselhos temáticos de Meio Ambiente e de Assuntos Legislativos da entidade.
Como a conjuntura mundial vem afetando a indústria brasileira?
A economia mundial está se reanimando lentamente. As baixas taxas de crescimento e as dificuldades enfrentadas pelos países que mantêm relações comerciais com o Brasil, especialmente os Estados Unidos, os países europeus e os integrantes dos BRICS afetam o desempenho da indústria brasileira. Nos primeiros seis meses deste ano, por exemplo, a parcela dos manufaturados no total das exportações brasileiras atingiu o menor percentual desde 1980. A indústria brasileira vem perdendo força e está praticamente estagnada desde 2010 e isso prejudica o desempenho da economia brasileira como um todo. Neste ano, Brasil, Argentina e Venezuela são os países que estão puxando para baixo os índices de crescimento da América Latina, segundo relatório do Banco Mundial sobre a região divulgado este mês em Washington. Além das dificuldades externas, a indústria enfrenta uma série de entraves internos, como a falta de infraestrutura, a elevada carga tributária e a falta de segurança jurídica. Nossa expectativa é que o governo que tomará posse em janeiro do próximo ano adote as medidas necessárias para remover os obstáculos que tiram a competitividade das nossas empresas.
Qual a importância da inovação para a indústria no Brasil?
A capacidade das empresas inovarem é fundamental para acelerar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. A inovação é imprescindível para as empresas competirem nos mercados globais, gerando empregos de qualidade, fortalecendo as indústrias e melhorando a qualidade de vida. Para termos sucesso e prosperidade, hoje e no futuro, é fundamental que os setores industrial e público trabalhem de maneira conjunta e coordenada para fortalecer a estratégia de inovação no país.
Qual seria o papel da Itália no processo de internacionalização da indústria nacional?
A Itália pode ter papel muito importante no processo de internacionalização da indústria brasileira pois é um país com grande experiência de exportação de pequenas e médias empresas, principalmente, via consórcios de exportação. Aproveitando as vocações da indústria italiana, a CNI tem desenvolvido várias iniciativas com foco nas trocas comerciais e cooperação tecnológica com a indústria daquele país. Apenas este ano, a CNI, em cooperação com as federações, realizou 4 missões empresariais para a Itália nos setores de cosméticos, moda, calçados e tecnologias associadas. Participaram destas iniciativas um total de 152 empresas de pequeno e médio portes com uma geração de negócios e investimentos estimada em US$ 13 milhões.