Pesquisa
Feche esta caixa de pesquisa.

Entrevista: Carlos Chiari – Gastrônomo e Proprietário do Grupo Chiari

Carlos Chiari já atuou como advogado, fez teatro e cursou Belas Artes, mas foi na gastronomia e com a realização de eventos, atividades que começaram como hobby, que encontrou a felicidade profissional. Conheça essa inspiradora história de sucesso.

Carlos Chiari já atuou como advogado, fez teatro e cursou Belas Artes, mas foi na gastronomia e com a realização de eventos, atividades que começaram como hobby, que encontrou a felicidade profissional. Hoje, é proprietário da Chácara Chiari, um dos mais especiais locais para realização de eventos na região de Belo Horizonte, e através de suas mãos, seu talento e estudos, a arte gastronômica, desenvolvida há séculos pelos europeus, ganha sofisticada releitura. Conheça agora um pouco mais sobre essa história inspiradora.

Porque escolheu a profissão da gastrônomo?Como foi o ingresso nessa carreira?

Aos 18 anos de idade tinha o sonho de seguir carreira diplomática. Comecei a estudar direito, com este propósito. As circunstâncias políticas da época me fizeram desistir deste projeto. Fiz então o Teatro Universitário na UFMG e Belas Artes na Escola Guignard. Vivendo sozinho e viajando muito, comecei a desenvolver minhas “necessidades” gastronômicas. Trabalhei com José Mayer, então administrador do teatro do Senac, com diretores renomeados como Alcione Araujo, Jose Antonio de Oliveira e Edi Robeiro. Depois de alguns anos, como ator e outros como produtor e ator, percebi que sobreviver de teatro e artes em BH , na década de 70, era algo irreal. Já estava interessado em casar e tinha duas alternativas: mudar para SP, ou casar e ficar em BH, voltando a estudar. Prevaleceu esta segunda hipótese. Casei com a Lilia, já advogada, até hoje minha companheira em todas as decisões. Voltei a estudar e trabalhei por quase 20 anos como advogado, mas era muito infeliz com a minha profissão. O que me salvava nesta infelicidade eram os meus hobbies, que desenvolvia já na chácara, onde morava . Fazia pães, defumados, recebia os amigos todos os finais de semana e fazia festas de calendário : em abril, Una Sera Italiana; em junho Festa Junina; em agosto, aproveitando as sextas-feiras 13, a Noite das Bruxa; Ocktober Fest em outubro e réveillon em dezembro. Outros hobbies eram trabalhos de carpintaria e coleção de madeira velha. Durante quase 30 anos colecionei madeiras de demolição de igreja e fazenda. Quando resolvi transformar os hobbies em atividades produtivas, tinha o know how de organização de festa, que adquiri fazendo-as, passei a utilizar os defumados, os pães e os conhecimentos em gastronomia nos eventos, e com o material de demolição construí o que hoje é a Chácara Chiari.

Como começou o interesse específico pela salumeria e panetteria?

O interesse pelos defumados e pães começou já naquele tempo, quando os fazia por hobby. A especialização em Salumeria Cruda veio mais tarde, inicialmente com tentativas e erros, de forma empírica e autodidaticamente. Mais tarde, através de um contrato de assistência técnica com a UFMG , na pessoa do professor Afonso Liguori, demos o que chamamos de salto tecnológico, com utilização de processos e técnicas apropriadas. A complementação tecnológica veio com a contratação de nossa Responsável Técnica, a professora Lara Bonfim, coordenadora do Curso de Pós Graduação da PUC, em Tecnologia de Carne, após ter formado no mesmo.

Como a descendência italiana influenciou nessas escolhas?

Imagino que a influência italiana nessas atividades tenha alguma origem genética, principalmente na parte da Salumeria. Alguns antepassados de meu avô deveriam fazê-los, até por motivo de sobrevivência. A família dele é da região de San Marino, bem perto de Parma, mas ele já tinha falecido quando eu nasci. Minha avó fazia os pães e pratos italianos, que aprendemos a apreciar desde muito novos. Minha mãe aprendeu a fazê-los muito bem.

Como surgiram a Chácara Chiari, o Buffet Contemporâneo Chiari e o Chiari Prodotti?

Nesses 25 anos de trabalho, construímos a Chácara Chiari, onde são realizados os eventos. Criamos o Buffet Coontemporâneo Chiari que realiza eventos fora da Chácara e a Chiari Prodotti, através da qual comercializamos os produtos da SalumeriaPanetteria e todos os outros que produzimos em todas as áreas do Gruppo Chiari.

Como é a sua ligação atual com a Itália e com o mercado italiano?

Viajamos todos os anos para a Itália, com compromissos já agendados em fábricas de presuntos, salames, queijos, pães, vinhos, cervejas especiais, azeites, aceto balsâmico, enfim, todas as áreas da gastronomia que nos interessam. Procuramos também feiras e mercados em todas as regiões que visitamos. Gostamos de frequentar os locais que os habitantes locais frequentam, vivendo o dia a dia da cidade.

Existe alguma tradição italiana, ligada ao Natal ou as festas de final de ano, que sua família trouxe da Itália e ainda é mantida?

Durante toda a nossa infância freqüentávamos a casa da vó, que nos recebia com pratos típicos italianos. Não podiam faltar o capeletti, o agnolotti, o passatelli. Na época do Natal toda a família se reunia, em uma farta mesa italiana. Nossa mãe assimilou os costumes e as receitas, continuando a fazê-las por todos os seus anos de vida. Um dos meus pratos preferidos era o recheio da galinha gorda, usado para fazer o caldo do capeletti. Ele era preparado com pão italiano, ovos, queijo, noz-moscada e especiarias

A ceia de Natal em sua casa é nos moldes italianos? Quais os alimentos que não podem faltar?

A Lilia aprendeu a fazer os pratos italianos com minha mãe e continuamos a fazer nosso Natal bem típico. Não faltam na nossa mesa produtos de nossa Salumeria e Panetteria, e a porchetta romana. Queijos e antepastos também estão presentes. E é claro, o capeletti com o recheio da galinha gorda.

Categorias
 
Últimos Posts
Tags
it_IT